Conheça a Senô Chocolate
Conheça a empresa Senô Chocolate Fino, apresentada por Leonor Lavigne de Lemos, de Ilhéus na Bahia
(Leonor Lavigne de Lemos)
Nós somos a 6° geração da família
plantando e cultivando o cacau, a 1ª a produzir chocolate. A cultura do cacau
permeia a nossa história e a nossa memória.
(Senô e seu neto Ton, pai de Leonor)
Após o falecimento de nosso pai Ton em
2004, meus irmãos Antonio e Geraldo continuaram o trabalho que ele fazia. Com
muito estudo, colaboração de profissionais da área, adequação de práticas
agrícolas e de beneficiamento, o know-how transmitido pelas gerações e uma
equipe muito especializada, conseguimos alcançar o padrão de amêndoa de
qualidade, o cacau fino! É um esforço diário e um trabalho bastante criterioso!
Como dizia nosso pai, "fazenda" é "fazendo", pois o
trabalho não acaba nunca.
(Leonor e seu pai Ton, numa barcaça de cacau)
(família Lavigne de Lemos)
Nós sempre buscamos melhorar. Passados mais de 30
anos da chegada da vassoura-de-bruxa à região cacaueira da Bahia, circunstância
que ocasionou a queda abrupta da produção regional para 1/4 do que era, podemos
dizer que aprendemos a conviver com a doença e entramos no movimento da
produção de amêndoa de qualidade. Assim, nossa produção é dividida entre cacau
bulk (uma produção menos rigorosa) e cacau fino ou de qualidade (com avaliação
de sanidade, colhido na maturação correta, fermentação e secagem controladas).
Todos os produtos da nossa marca Senô Chocolate Fino são feitos a partir da
amêndoa de qualidade, o que garante sabor marcante e a presença do alto teor,
com mitigação do amargor e da adstringência. Ano passado participamos do 1°
Concurso Nacional de Amêndoa de Qualidade com mais 53 inscritos e ficamos em
10° lugar. O resultado foi recompensador! Esse ano concorreremos outra vez.
O primeiro tablete de chocolate
que produzimos com nosso cacau fino foi feito há aproximadamente 5 anos, mas
decidimos não entrar logo no mercado. Experimentamos e aprimoramos bastante até
começarmos a comercializar em maio de 2018, já com a nossa marca Senô Chocolate
Fino. Buscamos um produto de excelência, com a melhor matéria-prima, para
ofertar um chocolate que, além de gostoso, seja também um alimento de
qualidade, com poucos e saudáveis ingredientes, baseado essencialmente no cacau.
Sermos produtores tree-to-bar tem
vários significados. Primeiro, é a realização de um sonho ver nosso cacau virar
chocolate! Segundo, é muito bom o consumidor saber de onde vem aquele produto
que ele está comendo. Terceiro, poder agregar valor ao cacau e redistribuir
este valor em toda a cadeia produtiva é motivador!
Mas uma coisa é fato: produzir
amêndoa de cacau é uma ciência completamente distinta da ciência de produzir
chocolate. Nesta, somos a primeira geração e estamos no início da
caminhada.
O cacau produzido no Sul da Bahia
utiliza, desde o início da introdução da lavoura na região, o sistema
agroflorestal Cabruca. Neste sistema regulamentado por normas estaduais e
reconhecido internacionalmente, os cacaueiros são plantados à sombra das árvores
nativas da Mata Atlântica. Assim, o cultivo do cacau na região Sul da Bahia
traz consigo a conservação deste bioma brasileiro. Temos a manutenção de um
rico e vasto corredor ecológico, que em conjunto com as variedades de frutos de
cacau cultivados aqui, formam as características de nosso terroir. Hoje temos o
cacau de origem Sul Bahia, com aromas e sabores próprios e reconhecidos por
indicação geográfica.
(chocolate da Senô, em sua origem)
Chocolate é um alimento e como tal
devemos buscar os melhores ingredientes, os mais saudáveis, para compor a sua
receita. Além disso, as regras de boas-práticas devem ser obedecidas para não
haver danos. Esses são os nossos guias na produção de chocolates.
(mel de cacau da Senô)
(nibs de cacau da Senô)
O turista que vem conhecer a
região do cacau tem interesse em conhecer o fruto de onde vem o chocolate. A
região foi muito difundida mundo afora, especialmente Ilhéus, também pela
literatura de Jorge Amado. 15 anos atrás não tínhamos chocolates finos
regionais. Hoje os visitantes têm a oportunidade de conhecer fazendas (como a
nossa, Fazenda Alegrias) e experimentar diversas marcas de chocolates finos
produzidos com cacau Sul Bahia. Nesse mundo globalizado, o turista poder
vivenciar e levar consigo produtos tão originais é uma maneira de imersão
cultural!
(Fazenda Alegrias, sul da Bahia)
Certamente o que garante a qualidade
do chocolate é a utilização de amêndoa de qualidade. Esta matéria prima faz
toda a diferença, porque são amêndoas de baixa ou nenhuma adstringência e de
baixa ou nenhuma acidez. Assim, consegue-se fazer um chocolate com alto teor de
cacau (70%, 80%), intenso e agradável ao paladar. Se a amêndoa não for boa, os
defeitos costumam ser mascarados com a adição de muito açúcar, outras gorduras,
etc.
O segredo do nosso chocolate é a
qualidade da matéria-prima, do nosso cacau fino produzido na Fazenda Alegrias.
Além disso, buscamos a maior pureza possível, com menor número de ingredientes
nas receitas e uso exclusivo de manteiga de cacau. Respeitamos as etapas da
produção do chocolate, para que cada uma possa cumprir o seu papel. É um
trabalho minucioso, que precisa de atenção em cada etapa.
(Fazenda Alegrias, sul da Bahia)
Acho que em termos de mercado, o
primeiro desafio é convencer o consumidor de que o chocolate fino e de
origem é melhor, mais saudável, rico em flavonóides, bem feito. É preciso
esclarecer que esse chocolate é diferente da maioria do que a grande indústria
comercializa no Brasil (que tem tão pouco cacau e tanto açúcar e gorduras
diferentes da manteiga de cacau). É educar o paladar para compreender e
apreciar que o cacau é um alimento naturalmente de sabor amargo, intenso e
agradável. Acho que aí haverá uma valorização de todo o cuidado que envolve a
produção de uma barra de chocolate.
Para apreciar um bom
chocolate, a pessoa deve abrir todos sentidos: deve sentir sua textura,
observar sua aparência, sentir seus aromas, de maneira tranquila. Em seguida,
quebrar a barra para ouvir o snap. Colocar na boca, para que ele derreta
lentamente. É fechar os olhos e respirar para viajar nas sensações produzidas
pelos aromas e sabores desse alimento dos deuses!
Por
Juliana Ustra
em 25/01/2020
*todos creditos para imagens são da familia Lavigne de Lemos
Por
Juliana Ustra
em 25/01/2020
*todos creditos para imagens são da familia Lavigne de Lemos
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