Conheça mais sobre o Prêmio Bean to Bar Brasil

Há algumas semanas recebi o convite para estar de alguma forma colaborando com esta ação incrível, o Prêmio Bean to Bar Brasil, que ocorre desde 2017. A idealizadora do Prêmio, Zélia Frangioni,  me convidou a integrar parte do Júri...e fico feliz poder compartilhar um pouco mais sobre esta movimentação toda ao mercado. Conversei com Zélia e ela nos conta mais detalhes a seguir...


   




Quem é Zélia Frangioni?

Engenheira por formação, designer gráfica e programadora de sites por profissão e produtora de conteúdo sobre chocolates por paixão. Autora do blog Chocólatras Online (para consumidores) e do Chocoweb (para profissionais), criadora e diretora do Prêmio Bean to Bar Brasil, jurada de premiações nacionais e internacionais. 



O que é o Prêmio Bean to Bar Brasil?

É uma premiação que leva em conta a percepção de 3 pontos de vista distintos: 
- o dos próprios chocolate makers participantes, 
- o de especialistas brasileiros e internacionais
- o do público consumidor.

Os chocolates são degustados às cegas pelos 3 grupos, já que são todos produzidos em moldes idênticos e despidos de suas identificações originais, a fim de que os jurados possam fazer avaliações imparciais baseadas apenas nas características sensoriais. Tanto as notas quanto os comentários escritos durante as avaliações são enviados posteriormente para os chocolate makers, sem identificação dos jurados, para que possam analisar e eventualmente usá-las como indicativos de pontos de melhorias. Tanto a estrutura quanto o sistema eletrônico de avaliação foram desenvolvidos por mim.

Vale ressaltar que o Prêmio Bean to Bar Brasil é um evento privado e independente. Apesar do nome parecido com o da Associação Bean to Bar Brasil, ela e o Prêmio não tem nenhuma relação e não há participação minha lá nem deles aqui. Quando possível, como aconteceu em 2019, fazemos o Prêmio Bean to Bar Brasil e a Bean to Bar Chocolate Week na mesma semana e no mesmo local, apenas a fim de facilitar a participação de pessoas dos outros estados nos dois eventos, vindo apenas uma vez a São Paulo.


Conte um pouco mais sobre o histórico desta ação

Foi uma iniciativa da Arcelia Gallardo em 2017, que iria participar de um novo evento nos Estados Unidos chamado Makers Cup, onde os chocolate makers fariam chocolates em moldes idênticos e avaliariam os produtos de todos às cegas. Ela achou que seria interessante fazermos algo assim aqui e eu topei organizar. Como ela queria participar como maker, não seria ético participar diretamente da organização. Comecei antes mesmo dela ir para o evento de lá e coloquei o nome de Prêmio Bean to Bar Brasil. Depois que criei toda a estrutura e o regulamento e lancei as inscrições, ela foi participar do evento e descobriu que lá não tinha premiação. Era somente uma troca de feedbacks. Mas a esta altura, eu já tinha inventado um esquema todo diferente, baseado no meu conhecimento de tecnologia e de degustação de chocolates, pois havia acabado de voltar de um curso em Londres sobre o assunto. A princípio era para ser uma premiação julgada apenas por chocolate makers, mas logo no primeiro ano a Arcelia convidou o especialista Clay Gordon para ser jurado também, já que ele estaria em São Paulo naquela semana. Foi ótimo, pois me levou a procurar mais jurados internacionais nos anos seguintes, o que acontece até hoje.


Quais suas motivações para esta sua realização?

Eu adoro desafios de criar coisas novas, seja com lógica de programação, design ou estratégia. Isso fica ainda mais forte quando encontra a minha paixão por chocolates e admiração pelos chocolate makers. Como eu fiz vários cursos de produção de chocolates, sei o quanto é difícil fazer um bom chocolate de verdade, só com ingredientes nobres. Considero isso uma arte, que eu não sou capaz de fazer. Minha retribuição então vem em forma de tecnologia e design, que é o que sei fazer.


 Quais são os objetivos do Prêmio Bean to Bar Brasil? 

São dois os objetivos do Prêmio: 
- Divulgar os chocolates bean to bar através da premiação dos melhores. 
- Incentivar a melhoria dos chocolates bean to bar do mercado nacional através da troca de feedbacks das avaliações desses produtos.



Qual é o escopo de chocolates que podem ser inscritos no Prêmio? 

Somente chocolates bean to bar intensos (70 a 80% cacau) e ao leite, sem inclusões, recheios, baunilha ou aromatizantes, e que sejam de marcas que já estejam à venda no mercado nacional e com empresa registrada.



Este é o único Prêmio nesta temática e abrangência no Brasil? 

Acredito que é o único no Brasil neste formato em que os chocolate makers são também jurados e os chocolates são feitos em fôrmas idênticas. Fora do país, já prestei consultoria para outras premiações que agora usam a minha metodologia, como por exemplo na República Dominicana.



Agora um resumo em números das ultimas edições: 


2017: 24 marcas inscritas, 24 amostras, origenárias de 7 Estados brasileiros

2018: 27 marcas inscritas, 42 amostras, originárias de 9 Estados brasileiros.

2019: 32 marcas inscritas, 57 amostras, originárias de 9 estados 

(9 Estados!  -  viu como tem espaço para o mercado crescer?)


Como você descreve o perfil das marcas que participam do processo do Prêmio? 

O mercado bean to bar é novo, tem apenas uns 6 anos no Brasil. Portanto, são marcas novas, algumas com 5 ou 6 anos e outras que começaram no ano passado. Algumas já tinham experiência em chocolates de transformação e passaram a fazer também bean to bar, mas a maioria segue apenas o conceito do cacau à barra  A maioria é bean to bar, mas também temos tree to bar.  A tendência dos tree to bar é crescer, considerando que o Brasil é um grande produtor de cacau e algumas marcas tree to bar já foram premiadas neste e em outros concursos.



Quais são os pontos altos da trajetória do Prêmio? 

.     O ponto alto, que este ano não é possível ser repetido, foi fazer o Prêmio junto do a Bean to Bar Chocolate Week de 2019, o que trouxe a possibilidade de mais chocolate makers participarem do júri e de termos mais jurados convidados que são especialistas internacionais.  Em todas as edições tivemos convidados do exterior, 1 em 2017 e 2 em 2018, mas em 2019 foram 13 profissionais estrangeiros. A importância de ter jurados internacionais é que eles estão acostumados a provar uma diversidade de chocolates bem maior do que nós, brasileiros, que não temos à disposição chocolates feitos com cacau que não seja daqui mesmo. Claro que o Brasil é imenso e temos uma diversidade maravilhosa de sabores nas nossas origens, mas acredito que quem tem acesso uma maior gama de opções de produtos tem condições de dar feedbacks diferenciados sobre os nossos chocolates, além de levarem daqui a visão do que anda acontecendo no nosso mercado, o que me parece muito bom. Além disso, o movimento bean to bar já acontece há bastante tempo nos Estados Unidos e Inglaterra, portanto os especialistas estrangeiros avaliam chocolates bean to bar há mais tempo que nós, têm mais experiência prática. Também considero um ponto alto os elogios recebidos por profissionais importantes do mercado bean to bar.


     Como você observa o mercado do chocolate bean to bar no Brasil?         

     Antes da pandemia eu diria que era uma explosão de crescimento. Agora ainda não consegui avaliar bem. O Prêmio vai ser um termômetro.




A análise das amostras dos chocolates inscritos se dará como e por quem? 

São dois tipos de Júris envolvidos:

• Júri Oficial formado por 2 grupos: representantes das marcas participantes do concurso (somente chocolate makers e proprietários) e especialistas convidados. Eles decidem quem leva ouro, prata e bronze.

 • Júri de consumidores: decide a Escolha do Público, que é um prêmio para apenas o melhor de cada categoria.

Eu não faço parte do Júri, já que sou eu a única pessoa que sabe a identidade de cada chocolate. Não há pré-requisito para os consumidores. Desta vez, devido a pandemia, não haverá encontro presencial do Júri Oficial e os jurados vão receber os kits pelo correio, vão avaliar em casa e, da mesma forma que nos anos anteriores, usarão o sistemas eletrônico de avaliação em seus celulares. Para os consumidores serão distribuídos kits de avaliação como aconteceu em 2018 e 2019. O sistema de avaliação deles é uma versão simplificada da que é usada pelo Júri Oficial.


E, em 2020 como funcionará a premiação, visto que estamos num ano onde tudo está diferente por causa da pandemia? 

A premiação será como nos outros anos. Para ouro, prata e bronze serão escolhidos os melhores de cada categoria (intenso e ao leite), sendo o limite de 20% do número de inscritos e nota mínima de 60%. Para a escolha do Público, é premiado apenas o melhor de cada categoria.


Onde se pode acompanhar mais informações e o desenvolvimento sobre Prêmio? 


As inscrições já se encerraram, mas você pode conhecer o nosso Regulamento no link a seguir: chocolatrasonline.com.br/regulamento-2020

E no Instagram você tem três pontos para nos seguir: 
  

@premiobeantobarbrasil, 
@chocolatrasonline
@chocowebbrasil.



Texto por Zélia Frangioni publicado por Juliana Recuero Ustra
em 28 de setembro 2020
no blog Chocolatenobrasil.blogspot.com.br


credito das imagens: site Chocolatrasonline 


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