Conheça Luisa Abram

Empresa: Luisa Abram
Município: São Paulo - SP




1.         Há quanto tempo produz chocolate?

Fazemos chocolates desde 2014. 



2.         O que significa para você ser produtor de chocolate tree to bar? Ou bean to bar? Ou de chocolate premium?

Ser um produtor de chocolates bean-to-bar significa que ressaltamos as diferenças entre os cacaus de diferentes origens e anos. Não buscamos uma consistência nas receitas, como fazem os grandes produtores de chocolates do mercado. O importante é revelar o sabor do cacau de cada origem e suas diferentes características únicas, bem como as variações entre as safras de cada ano.




3.        Há algo especial na rotina da fazenda ou na mata de cacau que você gostaria que o mercado soubesse?

Nós produzimos chocolate com amêndoas de cacau selvagem, então é importante ressaltar que a colheita é feita por comunidades ribeirinhas que moram ao longo dos rios da Amazônia.  Essa colheita é feita de forma manual e totalmente extrativista. A fermentação e secagem (processo que chamamos de beneficiamento do cacau) também é feito na mata por eles, sob orientação nossa.



4.         Há algo especial na rotina de produção de chocolate que você gostaria que o mercado soubesse?

A rotina deve ser adaptada para revelar o que cada origem pode nos oferecer em termos de aroma e sabor. Não há uma receita única. Os perfis de torra mudam de origem para origem. Os tempos de refino também, assim como o processo de conchagem. Da mesma forma, a cristalização também é adaptada para cada origem. Enfim, não há uma rotina; uma uniformidade nos processos. A rotina que existe é fazer o melhor chocolate possível com cada grão! 





5.         Qual sua opinião sobre a relação do consumo do chocolate com o turismo em sua região?

A relação de consumo do chocolate selvagem traz muita atenção dos consumidores para a Floresta Amazônica, o que, consequentemente, desperta a curiosidade de conhecer a região. O turismo ecológico e podemos dizer até selvagem vem ganhando força, principalmente de estrangeiros que enxergam nas expedições que realizamos (atrás de cacau; para acompanhamento dos processos de beneficiamento; visita das comunidades ribeirinhas) uma oportunidade única de conhecer uma área com tão pouca intervenção humana e onde a natureza é ímpar.
Tudo isso sem contar o fato de que Floresta Amazônica é o único lugar no mundo onde ainda se encontra cacau em seu estado selvagem (sem plantação). Isso por si só já chama a atenção de chocolate makers e do movimento bean-to-bar de todas as regiões do mundo.
Apenas como exemplo, em praticamente todas as nossas expedições para a Amazônia tivemos a presença de “turistas” que pegaram carona na nossa viagem para conhecer lugares muito remotos.



6.         O que garante qualidade de chocolate na sua opinião?

Garantia de qualidade pode se dar com uma amêndoa de qualidade, combinada com uma boa fermentação.  Dai em diante, respeitados os processos corretos em cada etapa da produção, o chocolate provavelmente será de qualidade.



7.           Qual o segredo da sua formulação de chocolate? (comente fatores possíveis de serem publicados, os quais valorizem sua marca)

Cacau selvagem e o mínimo de ingredientes possíveis, tendo como objetivo ressaltar o terroir de cada origem.

8.         Quais desafios são enfrentados para posicionar chocolate no mercado brasileiro?

Acreditamos que o maior desafio está na conscientização do consumidor da existência desse nicho de chocolates bean-to-bar no mercado produtor brasileiro. 
Estamos observando cada dia mais uma preocupação do consumidor para com o que consome; um interesse por produtos orgânicos, locais; uma procura por produtos feitos de forma artesanal; uma busca por uma proximidade com o produtor; um interesse em saber sobre a cadeia de produção como um todo. É interessante quando o produto tem uma história. Todos esses fatores ajudam bastante no posicionamento de chocolates bean-to-bar no mercado brasileiro.
Fatores que atrapalham:
Os fretes para envios entre Estados são muito caros. Não podemos contar com os correios.
A concorrência com as grandes empresas é quase desleal quando se trata de contratos com grandes redes de supermercados. 
Além disso, existe resistência por parte do comprador em colocar um produto nacional mais caro do que um produto importado.
Sobre isso, também há a questão da valorização do produto nacional vis-à-vis os produtos importados. O brasileiro tem a sensação (muitas vezes falsa) de que tudo que é importado é melhor do que qualquer coisa que é nacional. No caso do bean-to-bar, o fato de ser de origem brasileira é muito valorizado no mercado internacional de chocolates! O contrario ocorre aqui.
É muito difícil conseguir financiamento com banco, por diversos motivos. Além disso, como se sabe, para alavancar uma empresa é preciso investimento. Os órgãos públicos que poderiam ajudar são distantes e não divulgam bem informação dos possíveis financiamentos.
No Brasil, a importação de qualquer mercadoria é muito custosa, por conta de impostos. Isso dificulta na compra de equipamentos de qualidade. 
Todos esses fatores influenciam no posicionamento do nosso produto no mercado brasileiro.




9.   Qual segredo para apreciar um bom chocolate? 
Um bom chocolate será sempre apreciado! Não há segredos aí!







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