Conheça a Amado Cacau, uma marca Tree to Bar do sul da Bahia
Amado Cacau, apresentado por Cecília Alves
Gomes da Costa
Ilhéus,BA
A produção de cacau de
nossas famílias atravessa décadas – aproximadamente 60 anos. Sou bisneta e
filha de cacauicultores, assim como meu marido, Ricardo Gomes. A minha família
não conseguiu manter a produção de cacau após a “crise da vassoura de
bruxa" e foi forçada a mudar de ramo. Já a família de Ricardo, conseguiu felizmente,
continuar na atividade.Crescemos - cada um em
seu mundo - e nos encontramos na Universidade: eu, Enfermeira e ele, Engenheiro
Agrônomo. Após alguns anos nos casamos e até pouco tempo frequentávamos a Fazenda Camacan apenas para lazer,
principalmente depois que nossos filhos nasceram.Em 2013, desperta em
nós a vontade e necessidade de ir além. De enxergar com outros olhos tudo
aquilo que estava “embaixo de nossos narizes”. Nós estávamos numa fazenda com
um potencial gigante: Mata Atlântica conservada, cacau com possibilidade de ser
transformado em tantos produtos, turismo intrínseco, etc. Foi quando nós
resolvemos empreender e nasceu a empresa Amado
Cacau. Houve ainda o
envolvimento de Greice Costa, irmã de Ricardo, que principalmente pelo fato de
ser designer, deu “cara” à empresa criando a identidade visual. É ela quem
assina todas as nossas embalagens, sempre buscando fazer menção ao que temos na
Fazenda.
A nossa intenção sempre
foi mostrar que cacau pode ir além do commodity,
como foi tratado por anos. Então escolhemos a Amado Cacau para provar isso: em
2013 nós passamos a produzir chocolates, nibs de cacau natural e também nas
versões doce e salgada. Apostamos ainda numa parceria de nibs de cacau com uma
empresa de cerveja artesanal que dura até hoje.
“Tree to bar” para nós significa acompanhar todo processo de transformação do cacau até o chocolate, principalmente
a etapa de produção primária que considera a seleção dos frutos - sanidade,
maturação e variedade - fermentação, secagem e armazenamento com controle de
acidez, aroma e sabor; posteriormente a etapa de industrialização onde enfim fazemos
os chocolate e derivados. Entendemos que somos
um recorte pequeno do mercado de cacau/derivados e isso torna nosso trabalho um
pouco mais árduo e ao mesmo tempo privilegiados.
Acho importante que o mercado tenha ciência de como é a
relação com nossos colaboradores – justa e amigável - Alguns deles viram
Ricardo nascer (risos). Sempre mantemos o foco no desenvolvimento sustentável
dentro da cadeia produtiva.
Vale também a divulgação maçante no tema “sustentabilidade”
e para nós, a peculiaridade de estarmos no Sistema Cabruca – cultivo de cacau
em meio à Mata Atlântica, atentando para a conservação de sua fauna e flora.
É importante ressaltar
que nossos nibs e chocolates são processados no Centro de Inovação do Cacau – CIC, que também fica aqui em Ilhéus.
Nós fizemos essa opção por dois motivos: o primeiro é o CIC permite meu acesso
à fábrica durante todo processo. Eu tenho autonomia para definir o meu
protocolo de torra, tempo de refino e conchagem, método de temperagem, testar
fórmulas novas, enfim, eu posso FAZER o meu próprio chocolate. O segundo motivo
é que estou dentro de um laboratório com os mais rígidos controles de segurança
alimentar e onde a qualquer tempo posso testar em meus ingredientes ou produto
acabado suas características organolépticas, físico-químicas e microbiológicas.
Quanto à nossa opinião sobre Turismo e chocolate? Estão intimamente ligados. Estamos na
maior região cacaueira do país – principalmente em área plantada. Toda a
magnitude que a região alcançou oriunda do agronegócio CACAU deve ser
explorada, retratada, divulgada sempre. Nós temos história, tradição,
hereditariedade, cultura.O fato de sermos “tree to bar” nos possibilita trazer o
consumidor para perto; podemos mostrar de onde tudo começa e “viajar” por todo
o processo. Esse é um dos projetos da Amado Cacau para 2020.
O que garante o bom chocolate? O cacau!!!
Com um bom cacau pode fazer qualquer produto – bom ou ruim, caso erre no
processo. Mas com cacau ruim, não faço nada. Em nossa empresa nós não
utilizados aromatizantes, alcalizantes, etc... então o cacau é o ponto de
partida para garantir nossa qualidade.
Como disse no início,
eu sou Enfermeira e desde que comecei a trabalhar nessa área, senti a
necessidade de fazer uma especialização em Cacau e Chocolate para que eu
tivesse respaldo técnico no tema. Então acredito que um dos pontos mais
importantes das nossas formulações é o fato delas serem exclusivas, de criação
própria, buscando harmonia entre as variedades do cacau e os ingredientes que
serão adicionados para que traduzam sabor e saúde. Tudo pensado com muito
carinho e respeito pelo consumidor.
Esse tipo de chocolate
ainda é pouco conhecido no mercado brasileiro. Nem mesmo sua nomenclatura é
definida: amargo, fino, gourmet, bean to
bar, tree to bar (nós o chamamos
de “chocolate de origem” fazendo menção à rastreabilidade, à procedência).
Algumas pessoas não conseguem
distinguir “preço x valor”, pelo fato de não conhecerem (ou até não
valorizarem) nosso trabalho, desde a fazenda até à fábrica com a finalização
dos produtos.Além disso, existe um
crescimento rápido de diversas marcas de chocolate ditos “de origem” (ou outra
nomenclatura do gênero) o que confunde o consumidor e aumenta consideravelmente
a concorrência.
Algumas marcas de
chocolates tree to bar do Sul da
Bahia se uniram e fundaram uma Associação - a CHOCOSUL - onde o intuito é
aprimorar e proteger a qualidade de nossos produtos e viabilizar o acesso ao
mercado.
Logo, apreciar um bom
chocolate vai além do sensorial, pois ele não tem apenas sabores e aromas
diferenciados. Um bom chocolate tem história, tem respeito ao meio ambiente e
tem carinho em todas as etapas do processo. O consumidor tem que estar aberto a
entender que em nossas embalagens não tem apenas um tablete de chocolate; tem
também um pouquinho de nós ali dentro.
em 06/02/2020
por Juliana Recuero Ustra
blog Chocolate no Brasil
Comentários
Postar um comentário